domingo, 2 de maio de 2010

Carta aberta de um coleccionador e vendedor

Caros amigos e “colegas” de coleccionismo. Venho aqui apresentar-me e partilhar convosco algumas noções acerca do que aprendi e de como vejo o meu hobby actualmente e o que contribuiu para este modo de estar. Sendo que por aqui são fãs maioritariamente de Star Wars, tentarei falar dessa minha faceta na vida. Sem mais demoras, “here we go”: Chamo-me Miguel Lopes, ou como muita gente me conhece, Mike. Não nasci nos “states” nem tenho a mania dos americanismos, simplesmente acaba por ser para os amigos como chamar “Zé” a um “José”. Como alguns saberão, sou um dos fundadores do projecto “JoMiToys” que o vosso ilustre membro e co-fundador de STAR WARS Portugal teve a amabilidade de partilhar no vosso site. Ao longo dos meus pouco mais de 30 anos de existência, tive provavelmente um crescimento semelhante a muitos de vós. Desde “Star Wars” a “Desaparecido em Combate”, “Rambo”, “Comando”, “V- batalha final”, “Soldados da Fortuna”(muito antes da versão brasileira) , “Buck Rogers”, “Terrahawks”, entre muitos muitos mais, e claro está, a minha colecção de eleição, G.I.Joe – A Real American Hero (em Portugal Action Force de 1987 a 1989). Star Wars foi sempre algo especial para mim. Tive o privilégio de assistir ao “Regresso de Jedi” no cinema na primeira vez que passou no nosso país, penso que o vi em 1984. Falamos de tempos em que os filmes ficavam muito mais tempo nas salas, assim como tudo o resto. Hoje em dia se espirramos já não vamos a tempo de ver o filme x ou y. À semelhança de milhões, o dia em que vi Star Wars no grande ecrã, mudou a minha vida. Existem muito poucos filmes que fazem isso a alguém, mas nunca houve nenhum que fizesse isto a tanta gente. Penso que todos concordamos com isso. Excepto os “Trekkies”, claro. Star Wars estava em todo o lado. E é a razão que eu e muita gente nos lembramos com tanto carinho da nossa infância (até na escola) a brincar com bonecos que hoje em dia são perfeitamente disparatados em comparação aos novos… e tão lindos ao mesmo tempo. Tive a felicidade de ter uma boa educação numa boa escola católica (que hoje em dia é assustador imaginar que não quereria lá estar tendo em conta os escândalos diários) e como em qualquer escola particular, havia muito dinheiro entre os pais de alunos e consequentemente, nos intervalos eram cenas dos filmes em cada cantinho, com naves e bonecos e especialmente, crianças que sabiam cada linha de diálogo. Era mágico. E hoje em dia tudo é diferente. E isso leva-me ao ponto principal desta entrada no vosso fantástico blog. Quanto a colecções e especialmente a Star Wars: Porque esta explicação pode ser importante para os que vão lidar connosco em breve a nível da venda que vamos promover no nosso site, JoMiToys, passo a explicar a razão da comercialização dessa parte da nossa colecção. E vou falar por todos os membros da equipa, relatando a minha razão pessoal que é comum a todos. Porque assim me foi concedido o “poder”… da força…  Tendo nascido em 78 e tendo visto o Star Wars com 6 anos, fiquei apaixonado, mas feliz ou infelizmente para mim também queria muitos outros brinquedos quando era (mais) criança, como “Playmobil”, “Lego”, “He-man” & “The Masters Of The Universe” e muitas outras coisas. Era tudo caríssimo e como tal, difícil senão impossível ter tudo de algo, e acabávamos por ter alguma coisa de muito. E no fundo, o brilhantismo das colecções quando apontadas às crianças que brincam com as coisas é essa mesma. Que um compre o que o amigo não tem e assim permitindo que entre um conjunto de amigos tenham tudo ou quase tudo de uma colecção. Mas a verdade é que Star Wars era, de facto, uma colecção muito cara. Lembro-me que em 1985 chegavam a 800 escudos cada figura. Que hoje em dia, a ser praticado esse preço (4€) seria barato, mas não “baratíssimo”. Os tempos passaram em que todos nós guardámos algumas peças e items da saga até chegar ao ano de 1995. De notar que estávamos naquele ” hiatus” de lançamento de action figures do final dos anos 90. Tudo se conjugava para (numa altura em que já trabalhava e ganhava o meu) poder ter todas aquelas figuras e veículos de Star Wars que tanto queria em pequeno e que pelas razões atrás apontadas não pude ter. Com algum esforço e pesquisa em Toys R Us (que entretanto abriam em Portugal), Pryca em Espanha, Carrefour em mais países, e aqui e ali… lá ia arranjando um exemplar de cada. Isto antes da “world wide Web” por volta de 99 se não estou erro. Era tão escassa a oferta (especialmente quando comparando com o presente) que tudo o que havia de Star Wars, e havendo dinheiro, comprava-se. “And that was before the dark times… before the Empire”. Com a explosão da internet, e o estrondoso sucesso dos remakes de 1997 tudo mudou. Uma (não tão) nova raça tomou um lugar de destaque. Os Toy Scalpers. Os “escalpadores” de brinquedos. Aquela notável raça que mal saía uma série nova tratava de a comprar toda e vender cá fora ao dobro do preço. E a incapacidade dos coleccionadores fazerem frente à sua própria vontade de ter este ou aquele item que os mesmos disponibilizavam, mesmo sabendo de como e onde os foram buscar. Mas enfim, esse método acabou por ser usado mesmo pelos próprios coleccionadores que ou faziam igual, ou pereciam. Embora esteja a generalizar muito, penso que todos sofreram isto na pele algures no tempo. E eu, que era um fiel seguidor da colecção a todos os níveis, como a universo expandido (Shadows Of The Empire, Dark Empire, etc) comecei a lamentar que as próprias companhias (Lucas e Hasbro/Kenner), fossem abusando com o aval dos coleccionadores. Que por um lado se entende, porque hoje em dia não há personagem que não tenha um equivalente em action figure, por outro lado é de um âmbito muito pouco selectivo. E foi assim que na altura do Episódio I, eu e os meus “compadres” deixámos Star Wars para nos dedicarmos a G.I.JOE. Longe estávamos de imaginar que sucederia algo semelhante quase 10 anos depois com a nossa adorada marca. Mas voltando a Star Wars, e contextualizando com a venda que se avizinha, temos de tudo. Excepto, como tive a oportunidade de relatar ao Paulo, a colecção vintage que optámos por vender/trocar na altura da nossa decisão de “facção”. Em 1997/1998 terá sido o período em que abdicámos da vintage collection. Assim como de mais de 50 Transformers das 2 primeiras séries ainda selados na caixa. E longe estávamos também de imaginar o que seria hoje Star Wars a nível de figuras e merchandise. Antigamente saía uma colecção por ano, hoje em dia é de 3 em 3 meses. E é impossível de todo mesmo entre 4 completar duas colecções tão carismáticas… E caras. Preços. Como referi também ao Paulo, a ideia inicial era vender num regime de “silent auction”. Em que o vendedor (neste caso, nós) disponibilizamos o material para venda no website e os interessados avançam com valores, por email, sem saberem de quanto ofereceram os “rivais”. Isto dá-se num período pré-estabelecido, imaginemos, uma semana. Finda a semana, quem tiver avançado o valor mais alto, leva o item. A vantagem, para além da ausência da eBay e Paypal que têm plenos poderes na negociação e geralmente extremamente injustos para o vendedor, não há a presença dos apostadores de último segundo. Que geralmente… são “toy scalpers”. Embora todos nós tenhamos tido a ratice de ganhar um ou outro leilão no final. Quanto a justiça nos preços. Costumo dizer, e já do tempo da (ou do,como quiserem) eBay, se forem honestos, não vão conhecer tipo mais porreiro para negociar. Se tentarem ser mais espertos do que sinceros, lembrem-se que deste lado já “são muitos anos a virar frangos”. Muitos anos de coleccionismo, de venda, compra e troca. Por experiência, é difícil negociar honestamente com “toy scalpers”, mas com coleccionadores HONESTOS, é simples, eficaz e agradável. Já conheci aqui em Portugal gente que não interessa ao menino Jesus. Mas é como se diz :”Viver e aprender”. Mas pelo que tenho visto no vosso blog, felizmente estão aqui pessoas que compõem grande parte do melhor que se pode encontrar. E congratulo-vos porque considerando o País em que vivemos, não é fácil. Com este discurso todo, não quero dizer que vão encontrar no nosso site algo que nunca viram, embora possa acontecer neste ou naquele caso, mas vão encontrar certamente algo que vos agrada e que talvez vos faça falta na vossa colecção. Por isso, antes de decidir se avançamos para uma “silent auction”, vamos atravessar um período em que poderão avançar com propostas que sendo aceites vos garantem a compra. Peço-vos que nessa altura, tenham em consideração que não vão pagar portes gigantescos e que se são de Lisboa, podem até poupar ao deslocar-se até nós. Não é uma loja, por isso não podemos dizer : “venham ver aqui o que temos e logo se vê”. É uma colecção particular cujas partes que vos interessem terão de ser acertadas e garantidas antes de qualquer deslocação. Se chegarmos ao um ponto de termos de fazer preços, serão o mais justo possível, tendo em consideração o baixo custo dos portes. Um exemplo. Temos para venda o Imperial Shuttle (o da caixa azul para figureas de 3 ¾” actualmente na Amazon.com a US$140). Quando o comprámos, custou 150… euros. Quem o tenha comprado aqui em Portugal poderá confirmar este valor. Hoje em dia na Amazon custa pouco mais de 100. Mais portes. Que tendo em conta que vem dos USA, acrescentam 25% de imposto aduaneiro. Ficará sempre por mais de 150€. O nosso, que está selado e nunca foi aberto, será vendido por €100. E mesmo que tivesse de ser enviado para o norte do país, seria sempre pouco mais que isso. Se o vierem buscar, melhor. Temos o AT AT com o Gen. Veers e AT AT driver que foi aberto uma vez para sessão fotográfica. Custou perto de 100 euros, será vendido por €75. Figuras ainda no cartão em Freeze Frame, podem chegar a 8 euros, mas não nos esticamos mais que isso. Excepto talvez no caso do Vader w/removable helmet. O primeiro que apareceu. Muitos serão despachados por menos. Teremos livros de BD da Dark Horse, classic star wars a expanded universe, folhetos de promoção, livros novos a livros muito velhinhos, brindes, modelos, jogos de PC, NES (sim, temos o grande jogo de SW para NES) e tanta coisa mais. No fundo, e uma vez mais referindo o que disse ao Paulo, não temos interesse em ficar com nada, até porque se torna um estigma. Se é para ir, é para ir tudo. Mas não é a qualquer preço. Será idealmente na linha de equilíbrio do “bem comprado e bem vendido”. Por isso se algo vos agrada, pensem bem e sejam justos na oferta. Até porque pode sempre haver alguém que oferece 1 € a mais. E é do pior perder algo que se quer por “gosmice”. Contra mim falo que perdi muita coisa em leiloes a pensar que comprava depois. Hoje em dia, especialmente, é complicado enquanto vendedor não perder dinheiro com Star Wars. A maior parte de vós sabe o que era o universo de Star Wars no final dos anos 90. Os valores astronómicos e a raridade que eram os bons negócios. Hoje, o que de melhor temos para oferecer, são os objectos em si, que podem iniciar, dar continuidade ou completar esta ou aquela colecção de figuras/ veículos. Os preços já temos consciência que nunca poderão ser acima do que gastámos. Por isso no fundo, tentaremos como antes referi, vender bem e proporcionar-vos boas compras. Resta-me despedir-me por agora e fico, em nome de JoMiToys, ao vosso dispor para qualquer questão aqui ou no nosso website, e agradeço o tempo que vos tomei e quero uma vez mais dar os parabéns aos mentores e seguidores deste blog. The Force will be with you. Always http://jomitoys.blogspot.com/

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