terça-feira, 16 de junho de 2015

Entrevista a G.Lucas sobre o seu trabalho na ILM

Numa entrevista em exclusivo à USA TODAY,George Lucas fala dos seus 40 anos ao serviço da ILM.
Quando George Lucas quis realizar o seu sonho de Star Wars há 40 anos ele criou a Industrial Light and Magic para coincidir com a sua visão. Hoje, a ILM tornou-se um gigante em efeitos especiais para a indústria cinematográfica e continua a desafiar os limites da magia do cinema. Há mais de quatro décadas, a ILM não só tem fornecido efeitos para a série dos seis filmes, mas também criou momentos indeléveis para filmes como Jurassic Park e The Perfect Storm. Até à data, a ILM tem contribuído com efeitos especiais para 320 filmes e ganhou 16 Óscares.
USA TODAY: Descreva o papel da tecnologia no cinema. 

G.L: É o meio para um fim, que está a contar uma história. Veja por exemplo, as primeiras pinturas rupestres. Você tinha alguém a fazer desenhos com carvão e, em seguida, alguém acrescentava cor com uma pedra ocre. No cinema, o mais tecnológico das formas de arte, havia histórias que você não poderia contar. Então tentaram-se e encontraram-se soluções.
USA TODAY: Qual foi o desafio com o primeiro filme de Star Wars?
G.L: Nessa altura, o ápice da tecnologia foi em´ 2001: uma Odisseia no espaço´, mas o problema era que não podia deslocar a Câmara para se mover de um lado para o outro, dando uma visão geral do ambiente, mostrando-o ou sondando-o (Pan-em termos cinematográficos). O realizador Stanley Kubrick queria um filme calmo, mas eu estava a contar uma fantasia do Espaço (Star Wars). Então, o pioneiro de efeitos especiais John Dykstra, tinha que inventar uma nova tecnologia que permitiu muitos movimentos à câmara – pans, cortes, inclinações. Eu tive que começar uma empresa do zero para fazer Star Wars.
USA TODAY: Você estava consciente de que a sua visão tecnológica poderia não ser realizada?
G.L: Claro que sim. Eu iria colocar todos os meus lucros de `American Graffiti´na ILM, mas quando eu voltei das rodagens (Star Wars) em Londres, eles não tinham terminado todas as filmagens. Foi em agosto, e o filme era para ser lançado em maio. Foi um drama, para dizer o mínimo.
USA TODAY: Quando se apercebeu de que a ILM seria mais do que um projeto de estimação?
G.L: Praticamente logo depois de terminar Star Wars.O Stephen Spielberg estava a trabalhar em alguns filmes e eu estava a fazer `Os Salteadores da arca perdida´ e tudo parecia que se presta a efeitos especiais. Quando os meus amigos (do cinema) continuavam a dizer, "Ei, você pode fazer isto para mim? “foi quando eu me apercebi.
USA TODAY: Os dinossauros em Jurassic Park foram um tipo de marco para a ILM.
G.L: Tínhamos começado a visualizar coisas sobre o que eram os primeiros computadores da Pixar (a animação Juggernautque é agora parte da Disney), mas o Santo Graal estava a fazer algo real e sem emendas. Tínhamos feito (a criatura da água) em `O Abismo´ e coisas toscas em `Willow´, mas nada como fazer um dinossauro que parecia que estava a ser filmado no local. Isso foi um grande trunfo.
USA TODAY: Esse salto levou a maior flexibilidade para contar as histórias de Star Wars.
G.L: Sim, depois de Jurassic Park, eu poderia fazer um Yoda em tamanho real que poderia falar e agir e que levou a criaturas como o Jar-Jar Binks e outros, que foi o desenvolvimento de atores foto- realistas que você pode usar para o trabalho de duplos. 

USA TODAY: Muitas empresas americanas de efeitos especiais estão a enfrentar duros desafios de empresas do exterior. Qual a sua opinião sobre o futuro?
G.L: Receio que dentro dos próximos 10 ou 20 anos, que não haverão empresas de efeitos especiais nos EUA .É assim que tem de ser, as pessoas migram para onde possam fazer o melhor negócio. É difícil competir com empresas que podem oferecer-lhe um desconto de 30% (para um projeto de efeitos especiais) quando a margem sobre tal trabalho é geralmente à volta de 5%. Toda a gente opta para a mais alta qualidade que se possa obter, com o mínimo de dinheiro.
USA TODAY: A ILM ainda está sediada aqui na Bay Area. Voçê parece muito orgulhoso de fazer cinema ao pé da praia que estabeleceu aqui.
G.L: Quando me mudei a ILM de Van Nuys (em Los Angeles) para a Bay Area (em 1978), dizíamos que não tens de fazer filmes em Hollywood. As pessoas diziam-nos que não poderíamos fazer isso, mas eu e os meus amigos (Desde o Francis Ford Coppola, ao Chris Columbus) pensaram o contrário. Fizemos alguns dos filmes mais bem-sucedidos de todos os tempos e os mais avançados tecnologicamente, ganhando muitos prémios da Academia. Foi tudo feito aqui mesmo.
USA TODAY: Os efeitos especiais desencadearam a "explosão" dos filmes de ficção científica/fantasia?
G.L: As pessoas sempre se interessaram por filmes de fantasia, simplesmente porque os filmes começaram como um ato de magia. Elas gostam de ver as coisas que não podem ver na vida real, e que remonta à viagem de Georges Méliès à lua (a partir de 1902). Em muitos aspectos, a tecnologia tem permitido o regresso de filmes épicos. Nos velhos tempos (dos filmes de DeMille), você poderia dar-se ao luxo de contratar 10.000 figurantes. Mas hoje em dia, com os efeitos especiais pode ter 1.000 soldados correndo por aí, ou trazer de volta Tróia.
USA TODAY: Você era apaixonado pela tecnologia até mesmo quando ainda era um estudante de cinema?
G.L: Não. Eu estava interessado em cinema, mesmo quando estava a fazer (o seu filme de estudante) o THX-1138(O seu filme de estudante). Só acabei por gastar dinheiro para ajudar a construir melhores efeitos especiais, para podermos fazer filmes melhores.


 
ENGLISH VERSION:


When George Lucas wanted to realize his dream of Star Wars 40 years ago he created Industrial Light and Magic to match his vision. Today, ILM has become a giant in special effects for the film industry and continues to push the limits of movie magic. Over four decades, ILM not only has provided increasingly seamless effects for the six-film series, but also created indelible movie moments ranging from the rampaging dinosaurs in Jurassic Park to the monster wave in The Perfect Storm. To date, ILM has contributed effects to some 320 films and won 16 Oscars.
USA TODAY: Describe technology's role in movie making?

Lucas: "It's the means to an end, which is telling a story. Take the first cave paintings. You had someone making drawings with charcoal, then someone added color with an ochre rock. In cinema, the most technological of art forms, there were stories you could not tell. So you try and come up with solutions."

USA TODAY: What was the challenge with the first Star Wars movie?
Lucas: "At that point in time, the tech pinnacle was 2001: A Space Odyssey, but the problem was you couldn't pan. Now (director Stanley) Kubrick wanted a quiet movie, but I was telling a space fantasy. So (special effects pioneer) John Dykstra had to come up with a new technology that allowed lots of camera moves – pans, cuts, tilts. I had to start a company from scratch to make Star Wars."
USA TODAY: Were you concerned your tech vision couldn't be realized?
Lucas: "Sure. I'd put all my profits from American Graffiti into ILM, but when I came back from shooting (Star Wars) in London, they hadn't completed any shots. It was August, and the movie was due out in May. It was a drama, to say the least."
USA TODAY: When did you realize ILM would be more than a pet project?
Lucas: "Pretty much right after I finished Star Wars. Stephen (Spielberg) was working on some movies, and I was doing Raiders of the Lost Ark, and everything seemed to lend itself to special effects. When my (filmmaking) friends kept saying, 'Hey, can you do this for me?' that's when I knew."
USA TODAY: The dinos in Jurassic Park were a milestone of sorts for ILM.
Lucas: "We had started to visualize things on what was the first Pixar computers (the animation juggernaut that is now part of Disney), but the holy grail was doing something seamless and real. We'd done (the water creature) in The Abyss and crude things on Willow, but nothing like making a dinosaur that looked like it was shot on location. That was a big deal."
USA TODAY: That leap led to more flexibility for Star Wars storytelling.
Lucas: "Right, after Jurassic Park I could do a full-size Yoda that could talk and act, which led to creatures like Jar-Jar Binks and others, which was the development of photorealistic actors that you could use for stunt work."
USA TODAY: Many American special effects companies are facing stiff challenges from overseas firms. What's your take on the future?
Lucas: "I fear that within the next 10 or 20 years there won't be any special effects houses in the U.S. That's just the way it is, people migrate to where they can do the best business. It's hard to compete with companies that can offer you a 30% discount (for a special effects project) when the margin on such work is usually around 5%. Everyone goes for the highest quality they can get, for the least amount of money."
USA TODAY: ILM is still headquartered here in the Bay Area. You're seem very proud of the movie-making beachhead you established here.
Lucas: "When I moved ILM from Van Nuys (in Los Angeles) to the Bay Area (in 1978), we were saying you don't have to make movies in Hollywood. People told us you couldn't do that, but me and my friends (ranging from Francis Ford Coppola to Chris Columbus) thought otherwise. We made some of the biggest, most successful movies of all time, the most technologically advanced movies of all time, winning many Academy Awards. It was all done right here."
USA TODAY: Did special effects unleash the sci-fi/fantasy film explosion?
Lucas: "People have always been interested in fantasy films, if simply because films started out as a magic act. They love to see things they can't see in real life, and that goes back to Georges Melies' A Trip to the Moon (from 1902). In many ways, technology has allowed for epics to come back. In the old days (of Cecil B. DeMille films), you could afford to hire 10,000 extras. But today, with special effects you can have 1,000 Storm Troopers running around, or bring back Troy."
USA TODAY: Were you passionate about technology even as a film student?
Lucas: "No. I was interested in cinema, even when I was doing (his student film) THX-1138. I only ended up spending the money to help build better special effects so we could all make better movies."

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