Ralph Morse é um ator/cantor/escritor que foi o diretor artístico da companhia teatral “Causas” entre 1979 e 1981.Ralph participou nos episódios V e VI de Star Wars nos papéis de Stormtrooper,Oficial Imperial (Cabo Derdram) e Soldado Rebelde.
SWCP: Fale-nos um pouco sobre os seus papéis em Star Wars.
R.M: Como você sabe, apareci em dois filmes na trilogia original; o Império Contra-ataca e O Regresso de Jedi. Inicialmente cheguei aos estúdios Elstree para uma audição em que tinha de ler um papel do oficial para o filme `O Império contra ataca’. Mas antes disso, enquanto esperava pela audição, um assistente chegou e informou-nos de que um dos originais atores reservados para o papel de Stormtroopers, tinha-se sentido mal repentinamente e estaria indisponível. Perguntaram-me se eu estaria interessado em substitui-lo e comparecer no estúdio com o traje vestido, dentro de um período de tempo muito curto. Como consequência, estive implicado em algumas sequências mais importantes do filme. Como você provavelmente já deve saber o primeiro capacete que me deram foi um desastre.
Não conseguia ver nada através dele indo a correr pelos corredores, fui contra as paredes, choquei com outro Stormtrooper e caí. Foi então pedido ao assistente de produção para limpar as lentes sujas em alguns capacetes e usaram Brasso, um o abrasivo, que se revelou inútil. Deram-me um novo capacete e tudo correu razoavelmente bem depois disso. Eu tinha trabalhado anteriormente com o Peter Diamond, o diretor de duplos, portanto ele sabia que eu era digno de confiança e por conseguinte, passei a fazer parte dessa equipa durante algumas rodagens. Em algumas partes das filmagens, a equipe de duplos usou fatos de borracha suaves para que pudessem cair dramaticamente sem se magoarem. Não cheguei a usar esses fatos mas também tive as minhas quedas ímpares! Filmámos muitas sequências de corredor em Bespin,a Cidade das Nuvens, e depois de cada filmagem, a equipa tinha de limpar as marcas pretas das nossas pegadas no chão.
Também, não podíamos posicionar as nossas pernas propriamente para nos ajoelharmos e darmos tiros, portanto as partes das zonas articuladas da perna tiveram de ser cortadas para permitir-nos curvá-las. Tudo isto levou tempo, e depois das filmagens tiveram de ser substituídas por outras novas. A sequência menos confortável decorreu na câmara de carbono. O cenário tinha aproximadamente 4,50 metros até ao chão e só estava acessível através de uma escada que abanava. Enquanto subia os degraus, dei um passo em falso e fui salvo de um eventual desastre por um par de membros da equipa que me levantaram literalmente das escadas.
As nossas botas brancas não tinham lá muita aderência o que não ajudou a movimentar-nos e um Stormtrooper acabou por cair acidentalmente. Felizmente não sofreu lesões graves, mas foi um aviso para todos nós. As luzes e os vários efeitos de gás fizeram a sequência inteira fisicamente desagradável, especialmente para os atores secundários envolvidos. As filmagens paravam para podermos respirar e descansar um pouco. Foi quando o diretor, Irvin Kershner, 'Kersh', tirou algumas fotos de todos nós sem os respetivos capacetes. Numa dessas fotos, estou sentado com o meu capacete aos meus pés e noutra estou no centro da foto.
Também interpretei o papel do Cabo Derdram na sequência onde o Millennium Falcon aterra no Executor Star Destroyer do Darth Vader.Estava um pouco alto na frame,afetando a aparência total da filmagem, foi então que sugeri ao 'Kersh' que poderia curvar os meus joelhos para me rebaixar na filmagem. Tive de ficar nessa posição durante aproximadamente dez minutos enquanto eles filmaram a sequência.
Outro dos meus papéis foi o de um soldado rebelde na evacuação de Hoth. Numa sequência produção lançou sobre nós grandes pedaços do poliestireno enquanto corríamos para as portas traseiras que eram estreitas e acabamos por colidir uns com os outros. Também apareço em mais algumas filmagens na base onde está a Millennium Falcon.
No Regresso de Jedi, apareci só como um Stormtrooper, e estive implicado em quatro sequências: A primeira foi na chegada do Darth Vader onde sou simplesmente um dos Stormtroopers na formatura quando ele passa por eles. Sou também um dos Stormtroopers quando o Luke faz a sua rendição parcial e apareço por trás dele numa posição popular daquela sequência.
Depois, durante a evacuação da segunda Estrela da Morte, estou novamente a correr por um corredor. Nessa cena, pequenos droids parecidos com uma caixa, foram introduzidos para acrescentar um novo movimento na sequência. Um deles cruzou-se no meu caminho enquanto eu corria, e dei um pontapé nele, tendo- me desequilibrado e choquei novamente contra uma parede.
Por fim, estive envolvido numa sequência mais longa com o Darth Vader e alguns Stormtroopers que acabou por não aparecer na versão final do filme.
SWCP: O que pensa acerca da nova trilogia de Star Wars (episódios I a III)?
R.M: Lembro-me que quando filmavam o Império Contra-ataca foi dito que o George Lucas tinha planeado nove filmes, na extensão de três trilogias. Os filmes originais seriam a segunda série, para que esses caíssem no meio da história inteira. Na altura em que as prequelas foram feitas, as técnicas de filmagem, e em particular os efeitos especiais, tinham avançado além de todos os conhecimentos. As expectativas dos fãs do filme também se tinham alterado. O pessoal mais jovem teve acesso à Internet e à altamente sofisticada tecnologia de computador em casa. Considerando que os filmes de Star Wars originais e a ILM, estiveram especificamente na vanguarda da tecnologia que se desenvolvia nessa altura, seria improvável que George Lucas não desenhasse sobre a vasta tela novas disposições. Por isso, enquanto as prequelas foram realizadas num período mais adiantado, parecem mais modernas do que as originais o que significa que cada uma não flui naturalmente na outra. É muito melhor vê-los como uma série única no seu próprio contexto. O Darth Maul é um personagem fantástico; Foi pena não termos visto mais coisas acerca dele.
Considerando que ele é o personagem central da série, eu teria preferido um final em que a metamorfose do Anakin Skywalker em Darth Vader poderia ter-se desenvolvido um pouco mais lentamente e dramaticamente. Por um lado, as prequelas são também vítimas da tecnologia que as ajudou a criar. Parte do encanto da série original dependeu do fato em que houve literalmente centenas de artistas que trabalharam nos vários personagens coloridos que povoaram esses filmes. Quando os personagens de fundo são gerados em computador, eles não têm realmente o mesmo poder de ligação que os verdadeiros atores vivos fazem. Para mim, pessoalmente, prefiro: Uma Nova Esperança, O Império Contra-ataca e O Regresso de Jedi, porque eles fazem parte da minha história tal como eu sou uma parte deles. Como tal, tenho uma verdadeira ligação a eles.
SWCP: No seu trajeto musical,porque adotou o nome artístico `Johnny Cashbox´?
R.M: Toquei música durante aproximadamente quarenta anos, durante esse tempo apareci como um artista a solo em várias bandas em palco e em filmes. Em 2003, fiz um número de música country com o nome 'Outlaw'. Em Setembro desse mesmo ano, o grande cantor/autor americano Johnny Cash morreu. Como o meu estilo vocal era semelhante ao seu, comecei a receber muitos pedidos para cantar músicas suas. Consequentemente, acabei por atuar mais com coisas do Johnny do que minhas e isso levou a que Johnny Cashbox seria o meu nome artístico enquanto cantor. Não tento personificar o Johnny Cash, mas acabei por criar um personagem no palco que tem semelhanças fortes com ele. Atuo a solo, ou com a minha banda 'TheDragonflyRising' ; 'Johnny Cashbox and TheDragonflyRising' é uma interessante mistura; imagine uma mistura com os Rolling Stones e os Status Quo mas com o Johnny Cash como líder e vocalista e você tem uma ideia do que tocamos. O Johnny Cashbox é o seu próprio personagem com a sua própria imagem e canções originais, mas o nome dá uma ideia do território musical que ele ocupa.
SWCP: Foi o diretor artístico da companhia teatral “Causes”. Que tipas de peças eram realizadas nessa altura?
R.M: ''Causes' era uma companhia de teatro de tournées. Estive com eles durante três anos e meio entre 1979-1982. O nosso objetivo foi trazer os clássicos do teatro, Shakespeare, Ibson, Brecht, Chekov, T.S. O Elliot, Beckett etc., a zonas suburbanas de Londres e do Sudoeste de Inglaterra que não tinham acesso imediato às artes. Também criamos novos trabalhos com uma componente social com uma ênfase de comunitária que explorou problemas locais. Assim mesmo o nome 'Causas' devido a termos atuado em escolas, pequenos teatros, colégios, universidades, instalações prisionais e comunidades locais, utilizando o teatro para ajudar a melhorar esses problemas. A companhia foi popular no setor da educação e altamente prestigiada nessas zonas de Londres. Pela minha atuação como Rei Lear em 1980 ganhei o prestigiado prémio de melhor ator da Associação Teatral de Londres, enquanto o meu colega Norman Gay ganhou o prémio de melhor ator secundário no papel como de `o Tolo´ nessa mesma produção.
SWCP: Que mensagem gostaria de enviar aos fãs de Star Wars?
R.M: A criação do Império Contra-ataca e do Regresso de Jedi foi um agradável e memorável capítulo da minha vida. Encontrar-me e ter notícias dos fãs de Star Wars,é um verdadeiro prazer e considero-me um privilegiado por ter a oportunidade de fazer parte dele.
Que a Força esteja convosco, sempre!
English Version:
Ralph Morse is an actor/musician/writer who was the artistic director of “Causes” Theatre Company, from 1979 to 1982.He participated in episodes V and VI of Star Wars were played the roles of Stormtrooper, Corporal Derdram and Rebel Soldier.
SWCP: Tell us a bit more about your roles in Star Wars.
R.M: As you know, I appeared in two films in the original trilogy; The Empire Strikes Back and Return of the Jedi.
Initially I arrived at Elstree studios to audition and read for a role of desk officer in the Empire Strikes Back, but whilst I was waiting an assistant arrived and informed us that one of the originally booked Stormtroopers had been taken suddenly ill and would be unavailable. I was asked if I would be interested in replacing him and was on set, in full costume, within a very short period of time. As a result, I was involved in some of the most important sequences in the film. As you are probably aware the first helmet I was given was a disaster. I couldn't see through it so ran down the corridors, crashed in to the walls, bumped into the other Stormtroopers and fell over. It turned out that a production assistant had been asked to clean the dirty lenses on some of the helmets and had used, Brasso, an abrasive, which had rendered them useless. I was given a new helmet and everything ran reasonably smoothly after that. I had worked with Peter Diamond, the stunt director previously, so he knew I was both fit and trustworthy and as a consequence took part along side the stunt team in several action shots. For parts of the filming, the stunt team wore soft rubber suits so that they could fall dramatically. I didn't. But still took the odd tumble. We shot many corridor sequences at Bespin Cloud City, and after each shot, the crew had to clean the black marks of our footprints off the floor.
Also, we couldn't position our legs properly for kneeling and blasting shots, so the calf leg pieces had to be cut away to enable us to bend. This all took time, and after the shot they had to be replaced with new ones. The most uncomfortable sequence was in the carbon chamber. The set was about fifteen feet off the ground and only accessible by an arrangement of shaking steps. Whilst on was climbing I missed my footing and was saved from disaster when a couple of crew members literally lifted me on to it. Our white boots had no tread which did not help movements and one Stormtrooper did accidentally fall off. Fortunately he was not badly injured but it was a warning to all of us. The lights and the various gas effects made the whole sequence physically unpleasant, especially for the smaller actors involved. Filming stopped so we could take a breather and rest. That was when the director, Irvin Kershner, "Kersh", took the photos of us all with our helmets off. I'm sitting in one with my helmet at my feet and in another I'm standing in the centre of the picture.
I also appeared as Corporal Derdram in the sequence when the Millennium Falcon charges into Darth Vader's Executor Star Destroyer. I was a little high in frame and affecting the overall appearance of the shot, so suggested to "Kersh" that I bend my knees to lower me in shot. I was stuck like that for about ten minutes while they filmed the sequence.
My other role was as a rebel soldier at the evacuation of Hoth. In one sequence the crew was throwing large lumps of polystyrene at us as we ran through the rear doors and narrowly missed colliding with each other. I also appear in some of the other shots filmed at the base of the Millennium Falcon.
In Return of the Jedi, I appeared only as a Stormtrooper, and was involved in four sequences. The first was the arrival of Darth Vader where I am simply one of the Stormtroopers in line as he passes by them. I am one of the featured Stormtroopers when Luke makes his partial surrender and appear behind him in popular still from that sequence. Later, during the evacuation from the second Death Star, I am again running down a corridor. On this occasion small boxlike droids were introduced to add further movement into the sequence. One of these crossed my path as I was running, and I kicked it, which shook me off balance and again collided with a wall. Lastly, I was involved on a long sequence with Darth Vader and several Stormtroopers that did no appear in the final film.
SWCP: What do you think about the new Star Wars trilogy (episodes I –III)?
R.M: I remember when were filming the Empire Strikes Back being told that George Lucas had planned nine films, spread over three trilogies. The original films would be the second series, so that these would fall in the middle of the whole story. By the time the prequels were made, film techniques, particularly special effects, had advanced beyond all recognition. Movie fans expectations had also changed with them. Young people had access to the internet and highly sophisticated computer technology at home.
Given that the original Star Wars films and industrial light and magic, specifically, were at the forefront of developing technology at the time, it was unlikely that George Lucas would not draw upon the vast new canvas at his disposal. Therefore, whilst the prequels are set in an earlier time-frame, they look more modern than the originals which mean one does not naturally flow into another. Far better to see them as a unique series in their own right. Darth Maul is a fantastic character; it is great pity we didn't see more of him. Given that he is the centerpiece of the series, I would have preferred the final metamorphosis of Anakin Skywalker into Darth Vader to have evolved a little more slowly and dramatically. To a degree the prequels are also victims of the technology that helped create them. Part of the charm of the original series rests with the fact that there were literally hundreds of supporting artists underneath the various colorful characters that populate the films. When background characters are computer generated they do not have quite the same power to engage as real living actors do.
For me, personally, I prefer A New Hope, The Empire Strikes Back and The Return of the Jedi because they form part of my history as I am part of theirs. As such I have a real bond with them.
SWCP: In your musical career, why do you adopt the artistic name `Johnny Cashbox´?
R.M: I have performed music for around forty years, during which time I have appeared as a solo artist and in various bands on stage and on film. In 2003, I was performing a country music act under the name of "Outlaw". In September of that year, the great American singer/songwriter Johnny Cash died. As my vocal style is similar to his, I started receiving many requests to perform his material. Eventually I found myself performing more Johnny Cash centered gigs and this would eventually lead to Johnny Cashbox becoming my stage name for performing as a singer. I do not impersonate Johnny Cash, but rather have created a stage persona that has strong similarities with him. I perform both solo, or with my band "TheDragonflyRising" "Johnny Cashbox and TheDragonflyRising" are an interesting mixture; imagine a blend of the Rolling Stones and Status Quo but with Johnny Cash as their lead vocalist and you have an idea of what we sound like. Johnny Cashbox is his own character with his own image with original songs, but the name gives you an idea of the musical territory he occupies.
SWCP: You were the artistic director of the theatrical company "Causes”. Which type of plays was played out then?
R.M: "Causes" was a touring community based theatre company. I was with them for three and a half years between 1979-1982. Our aim was to bring the theatre classics of Shakespeare, Ibson, Brecht, Chekov, T.S. Elliot, Beckett etc., to parts of the London fringe and the South East of England that did not have immediate access to the arts on their doorstep. We also created new works with a social and community emphasis that explored local issues. That is how the name "Causes" came about as we performed in schools, small theatres, colleges, universities, detention facilities and local communities using theatre to raise the profile of social issues. The company was popular within the education sector and highly regarded on the London fringe. For my performance as King Lear in 1980 I won the prestigious London Theatre Associates best actor award while my colleague Norman Gay one the best supporting actor award for his role as The Fool in the same production.
SWCP: What message would you like to leave for the fans of Star Wars?
R.M: The making of the Empire Strikes Back and The Return of the Jedi was an enjoyable and memorable chapter of my life. Meeting and hearing from Star Wars fans is a real pleasure and consider myself privileged and humbled to have the opportunity to do so.
May the force be with you all, always!
SWCP: Fale-nos um pouco sobre os seus papéis em Star Wars.
R.M: Como você sabe, apareci em dois filmes na trilogia original; o Império Contra-ataca e O Regresso de Jedi. Inicialmente cheguei aos estúdios Elstree para uma audição em que tinha de ler um papel do oficial para o filme `O Império contra ataca’. Mas antes disso, enquanto esperava pela audição, um assistente chegou e informou-nos de que um dos originais atores reservados para o papel de Stormtroopers, tinha-se sentido mal repentinamente e estaria indisponível. Perguntaram-me se eu estaria interessado em substitui-lo e comparecer no estúdio com o traje vestido, dentro de um período de tempo muito curto. Como consequência, estive implicado em algumas sequências mais importantes do filme. Como você provavelmente já deve saber o primeiro capacete que me deram foi um desastre.
Não conseguia ver nada através dele indo a correr pelos corredores, fui contra as paredes, choquei com outro Stormtrooper e caí. Foi então pedido ao assistente de produção para limpar as lentes sujas em alguns capacetes e usaram Brasso, um o abrasivo, que se revelou inútil. Deram-me um novo capacete e tudo correu razoavelmente bem depois disso. Eu tinha trabalhado anteriormente com o Peter Diamond, o diretor de duplos, portanto ele sabia que eu era digno de confiança e por conseguinte, passei a fazer parte dessa equipa durante algumas rodagens. Em algumas partes das filmagens, a equipe de duplos usou fatos de borracha suaves para que pudessem cair dramaticamente sem se magoarem. Não cheguei a usar esses fatos mas também tive as minhas quedas ímpares! Filmámos muitas sequências de corredor em Bespin,a Cidade das Nuvens, e depois de cada filmagem, a equipa tinha de limpar as marcas pretas das nossas pegadas no chão.
Também, não podíamos posicionar as nossas pernas propriamente para nos ajoelharmos e darmos tiros, portanto as partes das zonas articuladas da perna tiveram de ser cortadas para permitir-nos curvá-las. Tudo isto levou tempo, e depois das filmagens tiveram de ser substituídas por outras novas. A sequência menos confortável decorreu na câmara de carbono. O cenário tinha aproximadamente 4,50 metros até ao chão e só estava acessível através de uma escada que abanava. Enquanto subia os degraus, dei um passo em falso e fui salvo de um eventual desastre por um par de membros da equipa que me levantaram literalmente das escadas.
As nossas botas brancas não tinham lá muita aderência o que não ajudou a movimentar-nos e um Stormtrooper acabou por cair acidentalmente. Felizmente não sofreu lesões graves, mas foi um aviso para todos nós. As luzes e os vários efeitos de gás fizeram a sequência inteira fisicamente desagradável, especialmente para os atores secundários envolvidos. As filmagens paravam para podermos respirar e descansar um pouco. Foi quando o diretor, Irvin Kershner, 'Kersh', tirou algumas fotos de todos nós sem os respetivos capacetes. Numa dessas fotos, estou sentado com o meu capacete aos meus pés e noutra estou no centro da foto.
Também interpretei o papel do Cabo Derdram na sequência onde o Millennium Falcon aterra no Executor Star Destroyer do Darth Vader.Estava um pouco alto na frame,afetando a aparência total da filmagem, foi então que sugeri ao 'Kersh' que poderia curvar os meus joelhos para me rebaixar na filmagem. Tive de ficar nessa posição durante aproximadamente dez minutos enquanto eles filmaram a sequência.
Outro dos meus papéis foi o de um soldado rebelde na evacuação de Hoth. Numa sequência produção lançou sobre nós grandes pedaços do poliestireno enquanto corríamos para as portas traseiras que eram estreitas e acabamos por colidir uns com os outros. Também apareço em mais algumas filmagens na base onde está a Millennium Falcon.
No Regresso de Jedi, apareci só como um Stormtrooper, e estive implicado em quatro sequências: A primeira foi na chegada do Darth Vader onde sou simplesmente um dos Stormtroopers na formatura quando ele passa por eles. Sou também um dos Stormtroopers quando o Luke faz a sua rendição parcial e apareço por trás dele numa posição popular daquela sequência.
Depois, durante a evacuação da segunda Estrela da Morte, estou novamente a correr por um corredor. Nessa cena, pequenos droids parecidos com uma caixa, foram introduzidos para acrescentar um novo movimento na sequência. Um deles cruzou-se no meu caminho enquanto eu corria, e dei um pontapé nele, tendo- me desequilibrado e choquei novamente contra uma parede.
Por fim, estive envolvido numa sequência mais longa com o Darth Vader e alguns Stormtroopers que acabou por não aparecer na versão final do filme.
SWCP: O que pensa acerca da nova trilogia de Star Wars (episódios I a III)?
R.M: Lembro-me que quando filmavam o Império Contra-ataca foi dito que o George Lucas tinha planeado nove filmes, na extensão de três trilogias. Os filmes originais seriam a segunda série, para que esses caíssem no meio da história inteira. Na altura em que as prequelas foram feitas, as técnicas de filmagem, e em particular os efeitos especiais, tinham avançado além de todos os conhecimentos. As expectativas dos fãs do filme também se tinham alterado. O pessoal mais jovem teve acesso à Internet e à altamente sofisticada tecnologia de computador em casa. Considerando que os filmes de Star Wars originais e a ILM, estiveram especificamente na vanguarda da tecnologia que se desenvolvia nessa altura, seria improvável que George Lucas não desenhasse sobre a vasta tela novas disposições. Por isso, enquanto as prequelas foram realizadas num período mais adiantado, parecem mais modernas do que as originais o que significa que cada uma não flui naturalmente na outra. É muito melhor vê-los como uma série única no seu próprio contexto. O Darth Maul é um personagem fantástico; Foi pena não termos visto mais coisas acerca dele.
Considerando que ele é o personagem central da série, eu teria preferido um final em que a metamorfose do Anakin Skywalker em Darth Vader poderia ter-se desenvolvido um pouco mais lentamente e dramaticamente. Por um lado, as prequelas são também vítimas da tecnologia que as ajudou a criar. Parte do encanto da série original dependeu do fato em que houve literalmente centenas de artistas que trabalharam nos vários personagens coloridos que povoaram esses filmes. Quando os personagens de fundo são gerados em computador, eles não têm realmente o mesmo poder de ligação que os verdadeiros atores vivos fazem. Para mim, pessoalmente, prefiro: Uma Nova Esperança, O Império Contra-ataca e O Regresso de Jedi, porque eles fazem parte da minha história tal como eu sou uma parte deles. Como tal, tenho uma verdadeira ligação a eles.
SWCP: No seu trajeto musical,porque adotou o nome artístico `Johnny Cashbox´?
R.M: Toquei música durante aproximadamente quarenta anos, durante esse tempo apareci como um artista a solo em várias bandas em palco e em filmes. Em 2003, fiz um número de música country com o nome 'Outlaw'. Em Setembro desse mesmo ano, o grande cantor/autor americano Johnny Cash morreu. Como o meu estilo vocal era semelhante ao seu, comecei a receber muitos pedidos para cantar músicas suas. Consequentemente, acabei por atuar mais com coisas do Johnny do que minhas e isso levou a que Johnny Cashbox seria o meu nome artístico enquanto cantor. Não tento personificar o Johnny Cash, mas acabei por criar um personagem no palco que tem semelhanças fortes com ele. Atuo a solo, ou com a minha banda 'TheDragonflyRising' ; 'Johnny Cashbox and TheDragonflyRising' é uma interessante mistura; imagine uma mistura com os Rolling Stones e os Status Quo mas com o Johnny Cash como líder e vocalista e você tem uma ideia do que tocamos. O Johnny Cashbox é o seu próprio personagem com a sua própria imagem e canções originais, mas o nome dá uma ideia do território musical que ele ocupa.
SWCP: Foi o diretor artístico da companhia teatral “Causes”. Que tipas de peças eram realizadas nessa altura?
R.M: ''Causes' era uma companhia de teatro de tournées. Estive com eles durante três anos e meio entre 1979-1982. O nosso objetivo foi trazer os clássicos do teatro, Shakespeare, Ibson, Brecht, Chekov, T.S. O Elliot, Beckett etc., a zonas suburbanas de Londres e do Sudoeste de Inglaterra que não tinham acesso imediato às artes. Também criamos novos trabalhos com uma componente social com uma ênfase de comunitária que explorou problemas locais. Assim mesmo o nome 'Causas' devido a termos atuado em escolas, pequenos teatros, colégios, universidades, instalações prisionais e comunidades locais, utilizando o teatro para ajudar a melhorar esses problemas. A companhia foi popular no setor da educação e altamente prestigiada nessas zonas de Londres. Pela minha atuação como Rei Lear em 1980 ganhei o prestigiado prémio de melhor ator da Associação Teatral de Londres, enquanto o meu colega Norman Gay ganhou o prémio de melhor ator secundário no papel como de `o Tolo´ nessa mesma produção.
SWCP: Que mensagem gostaria de enviar aos fãs de Star Wars?
R.M: A criação do Império Contra-ataca e do Regresso de Jedi foi um agradável e memorável capítulo da minha vida. Encontrar-me e ter notícias dos fãs de Star Wars,é um verdadeiro prazer e considero-me um privilegiado por ter a oportunidade de fazer parte dele.
Que a Força esteja convosco, sempre!
English Version:
Ralph Morse is an actor/musician/writer who was the artistic director of “Causes” Theatre Company, from 1979 to 1982.He participated in episodes V and VI of Star Wars were played the roles of Stormtrooper, Corporal Derdram and Rebel Soldier.
SWCP: Tell us a bit more about your roles in Star Wars.
R.M: As you know, I appeared in two films in the original trilogy; The Empire Strikes Back and Return of the Jedi.
Initially I arrived at Elstree studios to audition and read for a role of desk officer in the Empire Strikes Back, but whilst I was waiting an assistant arrived and informed us that one of the originally booked Stormtroopers had been taken suddenly ill and would be unavailable. I was asked if I would be interested in replacing him and was on set, in full costume, within a very short period of time. As a result, I was involved in some of the most important sequences in the film. As you are probably aware the first helmet I was given was a disaster. I couldn't see through it so ran down the corridors, crashed in to the walls, bumped into the other Stormtroopers and fell over. It turned out that a production assistant had been asked to clean the dirty lenses on some of the helmets and had used, Brasso, an abrasive, which had rendered them useless. I was given a new helmet and everything ran reasonably smoothly after that. I had worked with Peter Diamond, the stunt director previously, so he knew I was both fit and trustworthy and as a consequence took part along side the stunt team in several action shots. For parts of the filming, the stunt team wore soft rubber suits so that they could fall dramatically. I didn't. But still took the odd tumble. We shot many corridor sequences at Bespin Cloud City, and after each shot, the crew had to clean the black marks of our footprints off the floor.
Also, we couldn't position our legs properly for kneeling and blasting shots, so the calf leg pieces had to be cut away to enable us to bend. This all took time, and after the shot they had to be replaced with new ones. The most uncomfortable sequence was in the carbon chamber. The set was about fifteen feet off the ground and only accessible by an arrangement of shaking steps. Whilst on was climbing I missed my footing and was saved from disaster when a couple of crew members literally lifted me on to it. Our white boots had no tread which did not help movements and one Stormtrooper did accidentally fall off. Fortunately he was not badly injured but it was a warning to all of us. The lights and the various gas effects made the whole sequence physically unpleasant, especially for the smaller actors involved. Filming stopped so we could take a breather and rest. That was when the director, Irvin Kershner, "Kersh", took the photos of us all with our helmets off. I'm sitting in one with my helmet at my feet and in another I'm standing in the centre of the picture.
I also appeared as Corporal Derdram in the sequence when the Millennium Falcon charges into Darth Vader's Executor Star Destroyer. I was a little high in frame and affecting the overall appearance of the shot, so suggested to "Kersh" that I bend my knees to lower me in shot. I was stuck like that for about ten minutes while they filmed the sequence.
My other role was as a rebel soldier at the evacuation of Hoth. In one sequence the crew was throwing large lumps of polystyrene at us as we ran through the rear doors and narrowly missed colliding with each other. I also appear in some of the other shots filmed at the base of the Millennium Falcon.
In Return of the Jedi, I appeared only as a Stormtrooper, and was involved in four sequences. The first was the arrival of Darth Vader where I am simply one of the Stormtroopers in line as he passes by them. I am one of the featured Stormtroopers when Luke makes his partial surrender and appear behind him in popular still from that sequence. Later, during the evacuation from the second Death Star, I am again running down a corridor. On this occasion small boxlike droids were introduced to add further movement into the sequence. One of these crossed my path as I was running, and I kicked it, which shook me off balance and again collided with a wall. Lastly, I was involved on a long sequence with Darth Vader and several Stormtroopers that did no appear in the final film.
SWCP: What do you think about the new Star Wars trilogy (episodes I –III)?
R.M: I remember when were filming the Empire Strikes Back being told that George Lucas had planned nine films, spread over three trilogies. The original films would be the second series, so that these would fall in the middle of the whole story. By the time the prequels were made, film techniques, particularly special effects, had advanced beyond all recognition. Movie fans expectations had also changed with them. Young people had access to the internet and highly sophisticated computer technology at home.
Given that the original Star Wars films and industrial light and magic, specifically, were at the forefront of developing technology at the time, it was unlikely that George Lucas would not draw upon the vast new canvas at his disposal. Therefore, whilst the prequels are set in an earlier time-frame, they look more modern than the originals which mean one does not naturally flow into another. Far better to see them as a unique series in their own right. Darth Maul is a fantastic character; it is great pity we didn't see more of him. Given that he is the centerpiece of the series, I would have preferred the final metamorphosis of Anakin Skywalker into Darth Vader to have evolved a little more slowly and dramatically. To a degree the prequels are also victims of the technology that helped create them. Part of the charm of the original series rests with the fact that there were literally hundreds of supporting artists underneath the various colorful characters that populate the films. When background characters are computer generated they do not have quite the same power to engage as real living actors do.
For me, personally, I prefer A New Hope, The Empire Strikes Back and The Return of the Jedi because they form part of my history as I am part of theirs. As such I have a real bond with them.
SWCP: In your musical career, why do you adopt the artistic name `Johnny Cashbox´?
R.M: I have performed music for around forty years, during which time I have appeared as a solo artist and in various bands on stage and on film. In 2003, I was performing a country music act under the name of "Outlaw". In September of that year, the great American singer/songwriter Johnny Cash died. As my vocal style is similar to his, I started receiving many requests to perform his material. Eventually I found myself performing more Johnny Cash centered gigs and this would eventually lead to Johnny Cashbox becoming my stage name for performing as a singer. I do not impersonate Johnny Cash, but rather have created a stage persona that has strong similarities with him. I perform both solo, or with my band "TheDragonflyRising" "Johnny Cashbox and TheDragonflyRising" are an interesting mixture; imagine a blend of the Rolling Stones and Status Quo but with Johnny Cash as their lead vocalist and you have an idea of what we sound like. Johnny Cashbox is his own character with his own image with original songs, but the name gives you an idea of the musical territory he occupies.
SWCP: You were the artistic director of the theatrical company "Causes”. Which type of plays was played out then?
R.M: "Causes" was a touring community based theatre company. I was with them for three and a half years between 1979-1982. Our aim was to bring the theatre classics of Shakespeare, Ibson, Brecht, Chekov, T.S. Elliot, Beckett etc., to parts of the London fringe and the South East of England that did not have immediate access to the arts on their doorstep. We also created new works with a social and community emphasis that explored local issues. That is how the name "Causes" came about as we performed in schools, small theatres, colleges, universities, detention facilities and local communities using theatre to raise the profile of social issues. The company was popular within the education sector and highly regarded on the London fringe. For my performance as King Lear in 1980 I won the prestigious London Theatre Associates best actor award while my colleague Norman Gay one the best supporting actor award for his role as The Fool in the same production.
SWCP: What message would you like to leave for the fans of Star Wars?
R.M: The making of the Empire Strikes Back and The Return of the Jedi was an enjoyable and memorable chapter of my life. Meeting and hearing from Star Wars fans is a real pleasure and consider myself privileged and humbled to have the opportunity to do so.
May the force be with you all, always!
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