quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Entrevistas SWCP: Dennis Lowe


O britânico Dennis Lowe é um artista e supervisor de efeitos especiais em filmes como: O Labirinto: O oitavo passageiro,Alien,História Interminável e Star Wars: O Império contra ataca.

SWCP: Fale-nos um pouco sobre o seu trabalho no episódio V de Star Wars.

D.L: Depois de trabalhar em 'Alien' nos Estúdios Bray, fui enviado para os Estúdios Elstree para me juntar ao resto da equipa que tinha começado alguns meses antes depois de deixar a Produção de Alien. O Brian Johnson tinha assinado um contrato com a Fox que levou a começar a trabalhar em Star Wars: O Império contra ataca, mas houve uma sobreposição; portanto alguns membros da equipa tiveram de partir para fazerem preparações antes de começarem as filmagens. Trabalhei na principal oficina de SFX como Técnico de Efeitos e foi me dada a função de trabalhar com a armadura do modelo de Yoda radio-controlada. Houve algumas versões feitas para diferentes funções, foi quase impossível fazer com que o personagem fizesse demasiados movimentos, houve uma versão de marionete que o Frank Oz usou para articular as expressões faciais. Houve uma química 'no Império contra ataca' que foi diferente de `Alien' já que `Alien´ foi um projeto artístico ao passo que 'o Império contra ataca' teve uma aproximação mais fabril de filmar a criação que nos foi dada diretamente desde o início assim foi um pouco como regressar aos velhos tempos... Trabalhando à maneira antiga! 
 

SWCP: E em Aliens:O oitavo passageiro, que tipo de trabalho fez?

D.L: No início fui trabalhar nos Estúdios Shepperton na Oficina de Efeitos Especiais e comecei a trabalhar com o Guy Hudson,fazendo todos os painéis de trabalho que foram ajustados às consolas na ponte do Nostromo. Fomos um par que produziu aproximadamente 6 painéis por dia num abrigo de madeira atravessando a oficina dos Carpinteiros, fomos deixados em paz para continuar o trabalho sozinhos, o Guy foi um grande colega quem sempre tinha uma piada para lançar e foi induzido em ousadia pelo seu chefe Nicky Allder. Foi uma época maravilhosa, sempre sentimos que a equipa de SFX era como uma família, houve algumas pequenas discórdias mas foram logo resolvidas e no fim do dia íamos para o bar rever os prós e os contras das decisões que tínhamos feito.

Depois da realização de todos os painéis, fui enviado para os Estúdios Bray onde os modelos deveriam ser feitos e filmados. Para mim foi a melhor parte da produção já que eramos todos jovens e tomávamos as nossas próprias decisões, se tivéssemos de passar pelo teste do Nick Allder significava que teríamos de fazer umas piadas e partidas para demonstrar que não eramos delicados e medrosos na experimentação. Penso que o Nick pode ver isso nos nossos olhos, pelo que podemos ser responsáveis por aquele trabalho em particular.

Ajudar a construir a Nostromo sob a supervisão do Martin Bower e Bill Pearson foi uma grande experiência e eu lembro-me da sensação de saber que estávamos todos numa viagem assombrosa, mas quando começamos a trabalhar no departamento de arte para o modelo Derelict concebido pelo Giger, sabíamos com certeza que isto atingiria o limite da criatividade que nenhum de nós tinha visto antes. Tornei-me mais útil na etapa das filmagens assim que os modelos eram finalizados e foi lá que passei o resto do meu tempo até que nos mudámos para o projeto de Star Wars.

Na época de `Alien ´eu já tinha formado a companhia Arkadon (1980) com o meu amigo Nick Pollock que concebeu o software, e logo depois do nosso primeiro empreendimento 'Spaceworks' para o Joe Strick (que o fez para a TransLux Corporation) convidamos o Brian Johnson a juntar-se a nós já que ele tinha um forte apoio na indústria e que nos deu o nosso primeiro grande projeto 'História Interminável'. Este passo no controle de movimentos deu-me a parte final do puzzle para produzir efeitos visuais mais realistas. 

SWCP: Como surgiu a ideia de realizar a série documental `Alien Makers´?

D.L: Depois de ver alguns vídeos corporativos de 'a Criação de Alien ´lembro-me de pensar que 'isto não é como eu vi a produção' e pensei que seria interessante em mostrar como 'os meninos do quarto dos fundos´ o viram com todas aquelas histórias fascinantes que os produtores e os contadores nunca viram; eu quis tentar e recriar o cheiro da oficina, a cola, a pintura e o gosto de criar verdadeiros modelos. Foi importante ver que essas foram as verdadeiras pessoas com problemas reais e soluções. Eu também passei por uma fase terrível fazendo esses documentários, mas foi bom ver o projeto por todos aqueles olhares diferentes.

SWCP: É também escultor e pintor. Em que temas se baseia na sua arte?

D.L: Depois que fui para a escola de arte e colégio que sempre duvidei do mundo da arte como se ela necessitaria que o artista tivesse de “ir para a cama com o homem de negócios”.... Há um provérbio comum que diz: ‘A Arte segue o dinheiro, o dinheiro segue a arte' e fui sempre contra o acordo que é feito do que vem do coração e o que pretende vir do coração se houver dinheiro implicado. Sou o filho de um mineiro de carvão e há ainda uma parte de mim que é socialista e cheguei à conclusão que cada um tem de invadir o sistema no interior para ser capaz de modificá-lo de pequenas maneiras. Eu sempre volto à pintura e escultura durante algumas horas depois de uns dias de muito trabalho na indústria cinematográfica.

A Anatomia e Natureza são o que gosto de recriar e de alguma maneira tenho desenhado nas escolas italianas de arte especialmente quando está rodeada por arte 'moderna', ou até mesmo de material conceptual que só necessita de uma ideia abstrata.

SWCP: `First Kinight´foi o seu primeiro filme em versão digital. Que diferenças destaca entre este tipo de filmes e os em que tinha trabalhado anteriormente?

D.L: Foi uma verdadeira revelação quando me apercebi pela primeira vez que a tecnologia digital já era uma realidade. Tinha esperado décadas para isto para acontecer. Eu cansava-me do mundo analógico com os seus esboços, mau desenvolvimento, má impressão, confiar em alguém que não sabia fazer o seu trabalho e era responsável pelo seu bebé e depois deixava-o cair. O simples fato de que finalmente foi possível copiar sem perda de qualidade foi um milagre para mim e ter um resultado limpo depois de atravessar tantos processos, foi um sonho realizado. Sinto-me ainda agradecido por este dia. Não há nenhuma comparação possível e nem cavalos selvagens me arrastariam para trás para fazer coisas em filmes como anteriormente.

SWCP: Que mensagem quer enviar aos fãs de Star Wars?

D.L: Penso que é realmente importante seguirem o vosso coração na vida pois acredito que não há nada mais depois disto. Ainda acordo a pensar em como me sinto feliz por estar a fazer o que sinto e sinto-me grato por ser capaz de fazer ser isto com felicidade porque poderia ter sido muito diferente... Façam o que sentem antes que seja tarde demais ...

Tudo de bom!

Dennis

 



ENGLISH VERSION:

 
The British Dennis Lowe is an effects artist and supervisor, who worked for many films such as: Labyrinth, Never Ending Story, Aliens (1979) and Star Wars: The Empire Strikes Back.
SWCP: Tell us a little more about your work on Star Wars: Episode V.
D.L: After working on 'Alien' at Bray Studios I was sent to Elstree Studios to join the rest of the crew that had started a few months earlier after leaving the Alien Production.

Brian Johnson had signed a contract with Fox that led to the start of 'Empire Strokes Back' after 'Alien' but there was an overlap so some of the crew had to leave to make preparations before the shooting started. I worked in the main SFX workshop as an Effects Technician and was eventually given the job of working on the radio controlled armature for the Yoda model. There were a few versions made that did different jobs, it was almost impossible to have the character do too many movements, there was a puppet version that Frank Oz used to articulate the facial expressions. There was a chemistry on 'Empire' that was different from 'Alien' in so much as 'Alien' was an artistic project where as 'Empire' had a more factory approach to film making that was made clear to us right at the start so it was a bit of a come down for me.....back to work in the OLD way!!
SWCP: And on Aliens (1979) what kind of work did you do?
D.L: At first I was deployed at Shepperton Studios in the Special Effects Workshop and started working with Guy Hudson making all the working panels that were fitted into the consuls in the Nostromo Bridge. We were a pair that produced approx. 6 panels a day in a wooden shed just across the Carpenters workshop, we were pretty much a law unto ourselves and were left alone to get on with the job, Guy was a great pal who always had a joke to play and was schooled in being cheeky from his boss Nicky Allder. It was a great time and I will always treasure the family feeling that the SFX crew had together, there were tiffs bit they were soon resolved and there was always the bar at the end of the day to go over the pros and cons of the days decision making. After the completion of all the panels I was sent to Bray Studios where the models were to be made and filmed. For me it was the best part of the production as we were all young and made our own decisions if we passed the Nick Allder test....that means we had to take a joke and a prank and show that we were not too delicate and afraid of experimentation. I think Nick could see it in our eyes weather we could be responsible for a particular job. Helping build Nostromo under the supervision of Martin Bower and Bill Pearson was a great experience and I remember the feeling of knowing then that we were all on an amazing voyage but when we started to get Art Department drawings in for the Derelict model from Giger we knew for sure that this was cutting edge creativity that none of us had seen before. I became more useful in the shooting stage as the models were being finalized and it was there that I spent the rest of my time until we moved onto the Star Wars project.
By the time of 'Aliens' I had already formed a company Arkadon (1980) with a friend Nick Pollock who wrote the software and soon after our first venture 'Spaceworks' for Joe Strick (who made it for the TransLux Corporation) we invited Brian Johnson on board as he had firm footing in the industry that gave us our first big project 'Never Ending Story'. This move into motion control gave me the final piece of the jigsaw to produce more realistic visual effects.
SWCP: How the idea appeared to make the documental series `Alien Maker´s´?

D.L: After watching a few corporate videos of the 'Making Of Alien' I remember thinking "this is not how I saw the production" and thought that there would be interest in how the 'backroom boys' saw it with all those fascinating stories that the producers and accountants never saw, I wanted to try and recreate the smell of the workshop, the glue, paint and taste of he making of real models. It was important to see that these were real people with real problems and solutions. I also learnt an awful lot by making these documentaries and it was good to see the project through all those different eyes.
SWCP: You´re also a sculptor and a painter. What themes are based on your work in this area?
D.L: Ever since I went to art school and college I was always doubtful of the art world as it required the artist to get into bed with the business man....there is a common saying 'Art follows money, Money follows art' and I was always torn between the deal that is made from what comes from the heart and what pretends to come from the heart if there is money involved. I am the son of a coal miner and there is still a piece of me that is a socialist and I have come to the conclusion that one has to invade the system inside to be able to change it in small ways. I would always come back to painting and sculpture for a few hours after a full days work in the film industry.
Anatomy and Nature I love to recreate and somehow I've been drawn to the Italian schools of art especially when surrounded by 'modern' art, even conceptual stuff that only requires an abstract idea is tempting to do battle with.
SWCP: `First Kinight´was your first true digital film. What differences do you stand out between this film and the previous ones in which you worked before?

D.L: It was a true revelation when I first became aware that digital technology was a reality, I had been waiting decades for this to happen. I was tiring of the analogue world with its scratches, bad developing, bad printing, relying on someone who did not know their job to be responsible for your baby and fouling it up. The simple fact that finally it was possible to copy without quality lose was a miracle to me and to have a clean result after going through so many processes was a dream come true. I am still grateful to this day. There is no comparison and wild horses would not drag me back to doing things with film.
SWCP: Would you like to leave a message for Star Wars fans?
D.L: I think that it's really important to follow your heart in life as I believe there is nothing else after this. I still wake up thinking how lucky to be doing what I feel is true and I'm always grateful for being able to be this happy because it could have been oh so different...Do what you feel before it is too late...
All the best
Dennis
 

 


Sem comentários:

Enviar um comentário

Comentários: