Grant Major
é um aclamado designer de produção em filmes, anúncios e eventos, tendo
recebido um Óscar pelo seu trabalho em LOTR: O Regresso do Rei.
SWCP:
Fale-nos um pouco sobre o seu trabalho na trilogia de LOTR.
G.M: Esta é
uma grande questão, em primeiro lugar, foi há mais de 12 anos agora com muita
coisa feita posteriormente. Houve um tempo que eu sabia cada nome, lugar e
história-tanto do livro como do making of do filme que parece banal, mas foi na
verdade um download enorme de informações. O meu cérebro não aguenta assim tanto
e a maioria dessas memórias já é um pouco remota para recordar. 'O
Silmarillion' do Tolkein também foi leitura obrigatório e espero que os
estúdios e o Peter Jackson, se interessam pelos aspectos deste livro que também
podem ser transformados num filme a qualquer momento.
Como você
sabe, nós produzimos cerca de 350 cenários e locais para a trilogia que foi um
esforço maciço. A nossa intenção era fazer os primeiros cenários tão
impressionantes, bem acabados e o mais parecidos possíveis quanto ao livro,
para poder definir um alto padrão para o resto do filme que acabou por resultar
bem para nós. Lembro-me dos primeiros dias de filmagens, sobre o interior da
casa do Hobbit que tinha de ser dimensionado à escala humana para a chegada do
Gandalf, tivemos de decorar tudo cuidadosamente com mobília, tecidos, copos e
outros adereços e quando o Peter entrou, disse que estava tudo muito arrumado,
tinha de remexer-se tudo. Como você pode imaginar, tudo o que estava dentro e
ao redor da Bag End (a casa do Hobbit) precisou de ser redimensionada duas ou
três vezes por isso as adições aleatórias foram difíceis de alcançar.
Este
conjunto foi cuidadosamente guardado depois das filmagens, e eu entendo que foi
usado novamente para ' O Hobbit'. Nós tentámos construir o mais orgânico e
natural possível todos os ângulos dos cenários para fazê-los parecer velhos e
construídos à mão, como a maioria das formas eram redondas, tornou-se um
desafio complexo e os construtores e pintores fizeram um fantástico trabalho
por terem trazer isso à vida. Nestes projetos de filmes longos, é importante
estarmos calmos para ficarmos de boa saúde e mentalmente bem.
Trabalhar 6
a 7 dias por semana, durante anos a fio pode ser muito cansativo e
especialmente se muitas coisas estão a acontecer ao mesmo tempo. Havia um
constante processo diário para produzir conceitos, concepção, construção,
pintura, vestuário e trabalhar os conjuntos e locais no dia das filmagens com uma
grande equipa. Foi muito bom circular através de todos estes criativos e
grandes ambientes diariamente, trabalhar em grandes projectos como este é
grande diversão-em retrospectiva!
SWCP: O que
sentiu quando foi condecorado com a Ordem de mérito da Nova Zelândia pelos
serviços prestados à indústria cinematográfica deste país?
G.M: Foi um
prazer receber a ordem de mérito da Nova Zelândia pelos meus serviços à
indústria cinematográfica, foi a forma do governo reconhecer as muitas pessoas
que contribuíram para este grande projeto, mas também para os anteriores e mais
modestos programas que necessariamente não possuíram um perfil tão
internacional. A indústria aqui na Nova Zelândia não é grande e não temos
riquezas nessa área, então é bom ser celebrado por aguentar firme e produzir bons
trabalhos.
SWCP: Foi também
nomeado para vários prémios pelo seu trabalho no filme `King Kong´ (2006).Qual
foi o seu maior desafio nesse filme?
G.M: Havia
grandes expectativas para `King Kong´ depois dos nossos esforços em `O Senhor
dos anéis´, o orçamento era grande e o argumento ambicioso. Já tínhamos muita
experiência de LOTR para levar ao King Kong, especialmente na área do digital e
do modelo de experiência de trabalho e foi ótimo ter a mesma equipa nuclear do
departamento de arte ter-se reunido novamente.
O maior
desafio foi criar Nova Iorque na década de 1930, este cenário era claramente
muito grande e fazer uma área tão grande como uma rua de Nova Iorque, foi
difícil encontrar um layout que nos desse a variedade para as muitas cenas
diferentes para serem rodadas. Eu escolhi a intersecção da Times Square com a
Broadway, entrando numa diagonal para um layout e isto foi transformado na
Herald Square para adicionar mais tarde a outras partes do filme. Fizemos uma
série das ruas secundárias como as genéricas partes de Manhattan do lado Oeste
para obter uma variedade de escalas de ruas, sendo necessária uma extensão
digital para ambos no final das ruas, bem como acima de seis metros de altura,
no interesse de fornecer a escala enorme de Nova Iorque. Nós prestamos enorme
atenção ao detalhe através do estudo de fotografias históricas dessa época e
demos o nosso melhor para replicar estas com precisão.
G.M: É um
passeio de montanha-russa, há muitos altos e baixos, ou as coisas têm de correr
bem ,pois nas produções desses filmes
voa sempre tudo em grande velocidade, virando à esquerda e à direita, é assim
que as novas decisões são feitas. Quanto ao controlo, acontece muitas vezes que
como Designer você está à frente das filmagens pelo que as decisões têm de ser
feitas na hora certa; as coisas mudam de curso, ideias novas vêm por aí,
existem alterações de roteiro e coisas estranhas como o clima, que têm um
efeito sobre o que se está a fazer e ter a capacidade de enfrentar essas
situações é importante.
É como uma
montanha russa, mas muitas vezes, é mais como ficar na frente de um trem de
carga, não é permitido parar numa produção de filme, uma vez que ele continua a
andar e como você está a construir as linhas de rodagem, vale a pena estar no
controlo e ficar calmo!
SWCP: Que
mensagem quer enviar aos seus fãs?
G.M: A
grande coisa sobre assistir a filmes é o escapismo, tendo tempo fora da nossa
vida regular e saltar para outra hora, lugar e situação. Para mim, a melhor
medida de um bom filme é quando você está tão no momento, que perde a noção do
tempo e fica tão imerso na história que não nota o trabalho dos cenários, de
câmara, ou até mesmo da música, mas mergulha na totalidade de todo o filme.
ENGLISH VERSION:
Grant Major is an acclaimed production designer for
feature films, TV commercials and events. He won an Oscar for his work on LOTR:
The return of the king.
SWCP: Tell us a bit more about your work on LOTR
trilogy.
G.M: This is a huge question, firstly it was over 12
years ago now with a lot done in-between. There was a time that I knew every
name, place and back story- both of the book and the making of the film which
sounds trite but was in fact a massive download of information. My brain can
only take in so much so the bulk of this knowledge has gone now. Tolkein’s ‘The
Silmarillion’ was also required reading and I’m kind of hoping that, should the
interest still be there from the studio and PJ, that aspects of this book can
also be made into a film at some stage.
As you are aware we produced around 350 sets and
locations for the trilogy which was a massive effort. Our intent was to make
the first few sets as impressive, well finished and as true to the book as
possible to set a high standard for the rest of the film which worked well for
us. As I recall the first days filming was on the hobbit scale 'Bag End
Interior' set followed closely by the human scaled one for Gandalf’s arrival,
we had dressed the set carefully with hand made furniture, fabrics, glass and
other props and when Peter walked in he said it’s all too tidy, mess it up a
lot. As you can imagine everything in and around Bag End needed scaling twice
or three times so random additions were difficult to achieve. This set was
carefully stored away after filming and I understand it was pulled out and used
again for ‘The Hobbit’. We tried to build as much organic natural angles into
the set as possible to make it feel old and hand made, as most shapes were
round it became a complex challenge and the builders and painters did a
terrific job of bringing this to life. On these long film projects it’s
important to pace yourself to get through the shoot in good health and mental state.
Working 6-7 day weeks for years on end can be really tiring and especially if
many things are going on at once at the same time. There was a constant daily
process of producing concepts, designing, building, painting, dressing and
working the sets and locations on shoot day, all with a big crew. It was great
to circulate through all these creative and high powered environments on a
daily basis; working on big projects like this is great fun- in retrospect!
SWCP: What did you feel when you were bestowed the New
Zealand Order of Merit, for your services to the New Zealand film industry?
G.M: It was nice to receive the New Zealand order of
Merit for services to the film industry; it was the Government’s way of
acknowledging the many people who contributed to this big project but also for
previous and more modestly proportioned shows that don’t necessarily have such
an international profile. The industry here in NZ is not big and we don’t get
rich in the process so it’s good to be celebrated for hanging in there and
producing good work.
SWCP: You were also nominated for several awards for
your work on `King Kong ‘remake (2006).What was your biggest challenge in this
movie?
G.M: There were high expectations for King Kong after
our efforts on LOTR, the budget was big and the script ambitious. We had a lot
experience from LOTR to bring to King Kong, especially with digital and model
work and it was great to have the same core crew in the Art Department come
together again.
The biggest challenge was creating New York in the
1930’s, this set was a very big size of coarse, seven and a half acres of land,
and as NY is a street grid it was hard to find a layout that would give us the
variety for the many different scenes to be played out. I chose the
intersection of Times Square with Broadway coming in on a diagonal for a layout
and this was redressed into Herald Square for later parts of the film. We made
a series of back streets as generic parts of lower West side Manhattan too to
get a variety of scales of streets, all these needed digital extension both at
the end of the streets as well as above 6 meter height in the interests of
providing the huge scale of New York. We payed huge attention to detail by
studying historic photographs of the time and doing our best to replicate these
accurately.
SWCP: Why did you say that doing big production-design
set-ups, it´s like a “Greater roller-coaster ride”?
G.M: It is a roller coaster ride, there are a lot of
ups and downs- things going well or otherwise- and these film productions fly
along at great speed, veering left and right as new decisions get made. As for
control it’s often the case that as a Designer you’re just in front of filming
taking place so the right decisions have to be made at the right time; things
change of coarse, new ideas come around, there are script changes and odd things
like weather that all have an effect on that you’re making so having the
ability to ride these situations out is important. It is like a roller coaster
but often times it feels more like staying in front of a freight train, there
is no stopping a film production once it gets going and as you’re building the
tracks as you go it pays to be in control and stay calm.
SWCP: What message would you like to send for your
fans?
G.M: The great thing about watching movies is
escapism, taking time out from your ordinary life and jump into another time,
place and situation. To me the best measure of a good film is when you are so
in the moment that you lose track of time and are so immersed in the story you
don't notice the sets, the camera work, even the music
but swim in the entirety of it all.
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