quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

A fascinante, assustadora e sombria casa de Guillermo del Toro

 

Apesar deste artigo não ter nada a ver com a temática Star Wars,como bons fãs do cinema fantástico e de ficção científica,não resistimos a editar aqui um artigo publicado pelo website nit.pt/:

É o covil da inspiração do realizador mexicano, que ali esconde a coleção de uma vida — e onde gasta metade do salário”.

“Como é que ele se foi lembrar disto?” Esta é provavelmente uma das frases mais repetidas nas plateias dos filmes de Guillermo del Toro. Pois bem, o que surge no ecrã é quase sempre o resultado de muitas horas de trabalho naquele que é o covil do realizador: Um verdadeiro museu do fantástico.

 

Na Casa Sombria, batizada em homenagem ao livro de Charles Dickens com o mesmo nome, o criador de “O Labirinto de Pan”, “A Forma da Água” ou “Hellboy” criou uma espécie de museu bizarro onde quadros da era vitoriana convivem com cabeças gigantes de Frankenstein, figuras alienígenas, bustos e manequins de personagens dos seus filmes. 

É ali que se inspira, que escreve e que se reúne com os designers para avançar com as produções. Esta não é, contudo, a sua residência oficial — nenhuma família quereria tomar o pequeno-almoço sob o olhar vigilante de um cadáver putrefato, ainda que apenas seja um adereço de um dos muitos filmes de Del Toro. A ex-mulher Lorenza Newton até gostava do ambiente — o realizador de 51 anos admitiu que passavam várias noites na casa quando estavam sozinhos na cidade —, mas o mesmo não sucede com as duas filhas, que acham os monstros “demasiado assustadores”. 

Na verdade, a Casa Sombria são duas casas lado a lado, que o realizador mexicano comprou para ali instalar os mais de dez mil livros, brinquedos, obras de arte e diversos adereços. Segundo o próprio, a ideia da Casa Sombria teve origem noutra casa, também ela bizarra, criada por Forrest J. Ackerman, autor de obras de terror e de ficção-científica, por quem del Toro guarda uma enorme admiração.

 “A coleção não parou de crescer. Ocupava quatro quartos lá de casa e começou tudo a ficar muito apertado. Não queria ter as coisas empilhadas. Queria ter os livros classificados e organizados, a arte pendurada. Por isso, em 2006, comprei a primeira das duas casas que compõem a Casa Sombria. Demorei quatro anos a organizar tudo”, revelou em 2016 ao “The Independent”. 

Serão precisos outros tantos anos para descobrir os segredos escondidos em cada recanto. Num deles, a sala da chuva, é onde del Toro se senta para escrever — ao som da chuva que vem da janela falsa, especialmente desenhada para simular tempestades, mesmo quando lá fora brilha o sol.

Quando não está a escrever, está a ler. Só tem que escolher entre as 13 livrarias que criou em diferentes divisões, cada uma delas dedicada a um tema. “Quando estávamos a desenhar criaturas para o ‘Pacific Rim’, costumava ir lá para cima para as estantes da história natural, ver fotos de tubarões e de monstros da profundezas Quando desenhámos Allerdale Hall, estava rodeado de livros sobre arquitetura vitoriana”, explica. Há ainda salas dedicadas ao oculto, ao terror, aos contos de fadas, à história mundial ou até mais obscuras como anatomia, mitologia teutónica e romances góticos. 

A cada esquina, há um manequim à espreita. Quando não são autênticos monstros, são figuras inspiradoras de cera dos seus ídolos, Edgar Allan Poe ou HP Lovecraft. O pior? Além de organizar, é ter que limpar todo este pesadelo de acumulação de pó.

“Costumava ter alguém para me ajudar a limpar o pó, mas partiram algumas esculturas que nunca consegui recuperar, por isso deixei-me disso”, conta. 

Mesmo com todo este trabalho, admite que é ali que passa 90 por cento do tempo, quase sempre sozinho. Os fãs agradecem — é sinal de inspiração e de mais boas obras a caminho. “Se caminharmos pelas duas casas, não só é possível ver os filmes que eu já fiz, mas os filmes que ainda vou fazer.” 

 

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